O escritor paraense Benedicto Monteiro é o grande homenageado da exposição que entra em cartaz, na próxima quinta-feira (29), na Galeria Fidanza do Museu de Arte Sacra, em Belém.
Intitulada “Benedicto Monteiro - 100 anos”, a mostra celebra justamente o centenário do escritor, que nasceu nesta data em um ano bissexto, sendo registrado no dia 1º de março. A mostra conta com fotografias, objetos e painéis que retratam, através de trechos de suas obras, as nuances da trajetória de Benedicto. A iniciativa é da Secretaria de Estado de Cultura (Secult).
A abertura da exposição, que reúne 11 fotografias e 13 painéis em um passeio por pela obra de Benedicto, ocorre às 19h e deverá contar com a presença de familiares do autor. A curadoria é do Sistema Integrado de Museus e Memoriais (SIMM/Secult), com colaborações também da família de Benedicto Monteiro. Já a partir de sexta-feira, 1º, a visitação à exposição acontece de 9h às 17h, de terça a domingo. A entrada é sempre gratuita e a mostra segue na Galeria Fidanza até o dia 14 de abril.
“Embora tenha atuado em diversas áreas da vida, a carreira de Benedicto como escritor é o foco principal da exposição. As obras selecionadas eternizam sua visão única sobre a Amazônia. A exposição foi cuidadosamente construída para destacar a maneira como Bené retratou a importância vital da Amazônia para o mundo, especialmente através da perspectiva da dependência dos rios para a vida e felicidade das pessoas que habitam essa região”, revela Tamyris Monteiro, diretora do Museu do Estado, e quem assina o texto de apresentação.
Emanuel Franco, diretor do Museu de Arte Sacra, também destaca o cuidado em contar a trajetória de Benedicto. “A exposição apresenta recortes e painéis destacando sua obra, trechos literários de sua trajetória, imagens do escritor em suas diversas atuações, e objetos cotidianos que remetem ao conteúdo literário marcante na obra de Benedito Monteiro. É uma grande celebração a esse importante escritor e à sua trajetória literária, tão importante para a nossa cultura amazônica e tão bem retratada em sua literatura”, afirma.
Outro ponto destacado por ambos os curadores é a forma como Benedicto deu voz às narrativas amazônicas. “A forma como o Bené fez isso, essa maneira única dele retratar a Amazônia, é o que a gente quer celebrar nesta exposição, considerando principalmente o fato de que os temas abordados por ele são contemporâneos, como a defesa da Amazônia e de seus modos de viver. Isto reverbera na obra do Bené e é a nossa forma de homenageá-lo e de celebrar seu brilhantismo de divulgar a Amazônia para o mundo”, acrescenta Tamyris Monteiro.
Benedicto Monteiro
Benedicto Wilfred Monteiro foi registrado no 1º de março de 1924, em Alenquer, município do Baixo Amazonas, filho de Ludgero Burlamaque Monteiro e Heribertina Batista Monteiro. Estudou humanidades em Belém e Direito na Universidade do Brasil, atual Universidade Federal Rio de Janeiro. Publicou seu primeiro livro de poesia, "Bandeira Branca", em 1945. Casado com Wanda Marques Monteiro, teve cinco filhos e diversos netos e bisnetos.
Bacharel em Ciências Jurídicas, exerceu cargos como Promotor Público, Juiz de Direito e Secretário de Estado. Eleito Deputado Estadual, foi cassado em 1964 pelo regime militar, sendo perseguido, preso e torturado. Após sua libertação, dedicou-se à advocacia agrária e à literatura, publicando obras como "Direito Agrário e Processo Fundiário" e diversos livros de poesia e ficção, incluindo seu principal livro de contos "Carro dos Milagres" e "A Terceira Margem".
Mesmo lutando contra o câncer, Monteiro lançou seu último livro, "O Homem Rio", antes de falecer em 15 de junho de 2008, o qual se referia como “o último sonho a ser sonhado”. Sua obra, especialmente a tetralogia amazônica composta por "VerdeVagomundo", "O Minossauro", "A Terceira Margem" e "Aquele Um", é reconhecida internacionalmente, sendo estudada e traduzida em países como Portugal, Holanda, Itália, Alemanha e Estados Unidos.
Benedicto Monteiro é conhecido e reconhecido como um proeminente representante da literatura brasileira, especialmente pela simulação de oralidade em seus romances. Seu livro de contos "O Carro dos Milagres" foi recomendado para o vestibular e adaptado para teatro e cinema. Ele também escreveu a "História do Pará", uma síntese da história do estado publicada em fascículos em parceria com as Organizações Rômulo Maiorana (ORM).
Serviço:
Exposição Benedicto Monteiro - 100 anos
Abertura: 29 de fevereiro, às 19h
Local: Galeria Fidanza (Museu de Arte Sacra)
Visitação: 9h às 17h, de terça a domingo, até 14 de abril
Entrada Gratuita
Texto de Amanda Engelke / Ascom Secult